PROGRAMA PARA MATERNAL, JARDIM I E JARDIM II
Fonte:ESCOLA WALDORF JARDIM DAS AMORAS
1. Formação Pessoal e Social
Identidade e Autonomia
Objetivos:
O processo de socialização está intimamente ligado com o desenvolvimento da identidade e da autonomia. Nessas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.
Esse trabalho tem então como principal objetivo, criar condições para as crianças conhecerem, descobrirem e vivenciarem novos sentimentos, valores, idéias, costumes e papéis, inseridas num contexto acolhedor e amoroso, onde o educador torna-se o mais importante integrante do processo, necessitando assim, auto-educar-se continuamente diante de diversas situações.
Essas situações geram a capacidade das crianças de terem confiança em si própria e o fato de sentirem-se aceitas, compreendidas, ouvidas, cuidadas e amadas oferece segurança para a sua formação pessoal e social.
Conteúdos:
Crianças de 2 e 3 anos
As diversas atividades que podem proporcionar a comunicação e expressão dos desejos, desagrados, necessidades, preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas em que as crianças possam estar inseridas, são atividades de suma importância para o desenvolvimento da individualidade e expressividade. Assim como atividades simples que envolvam o contexto lúdico e de dramatização que se refiram à iniciativa para pedir ajuda nas situações em que isso se fizer necessário; escolha de brinquedos e objetos para brincar, bem como, o devido respeito e cuidado com a manipulação; respeito às regras simples de convívio social, brincadeiras onde meninos e meninas possam participar sem discriminação de sexo; a participação em atividades cotidianas de arrumação e limpeza do seu ambiente; procedimentos relacionados à alimentação e à higiene das mãos, cuidado e limpeza pessoal; atitudes de gratidão e respeito na hora da refeição, sempre acompanhado de versos e canções que são citados diariamente, bem como, identificação de situações de risco no seu ambiente mais próximo.
Crianças de 4 a 6 anos
Constituem-se atividades que podem ser desenvolvidas a partir do pressuposto de expressividade própria dos sentimentos e emoções; participação de meninos e meninas igualmente em brincadeiras que socialmente são aceitas somente por um deles; participação na realização de pequenas tarefas do cotidiano que envolvam ações de cooperação, solidariedade e ajuda na relação com os outros; valorização dos cuidados com os materiais de uso individual e coletivo tendo como modelo o cuidado em que o educador os manipula; procedimentos relacionados à alimentação e à higiene das mãos, cuidado e limpeza pessoal bem como, atitudes de gratidão e respeito na hora da refeição sempre acompanhado de versos e canções que são citados diariamente.
Observação, Registro e Avaliação Formativa
Considera-se que áreas como identidade e autonomia não se avalia e sim, oferece-se situações de vivências em que a criança se depara com contextos em que é necessário lançar mão de sua capacidade emocional, ou então, contar com o auxílio amoroso e consciente do educador que está a acompanhando. Dessa forma, antes de avaliar a criança deve-se haver uma reflexão criteriosa sobre as condições que são colocadas diante dela, e acima de tudo, da postura do educador frente a situações de conflito em que sua maturidade e equilíbrio emocional devem estar presentes.
A observação que o educador faz, bem como seus registros pessoais torna-se então, muito mais um instrumento de resgate de algumas situações, com o objetivo de reestruturá-las e/ou modificar o seu próprio comportamento diante delas, do que um instrumento de avaliação da criança propriamente dita. O parâmetro para a avaliação dessa criança deve ser ela própria, observando seu comportamento diante do grupo, com os materiais e objetos que utiliza, bem como, sua atitude diante de situações de conflito em que sua estrutura emocional seja exigida.
2. Conhecimento do Mundo
2.1 – Movimento
Objetivos:
Considerando que o movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana e que, as crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo, se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo, chega-se à conclusão de que, o movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço; constituindo-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.
Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem como a dança, a dramatização, o jogo, as brincadeiras etc, fazem uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais envolvendo ou não a intencionalidade.
Esse trabalho com movimento deve propiciar um amplo desenvolvimento de aspectos motores das crianças, tanto no que diz respeito às atividades cotidianas como nas atividades voltadas para a ampliação da atividade corporal de cada criança, em particular.
Nesse sentido, a educação Infantil deve favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer os desafios que lhe são proporcionados. Porém, não é um excesso de estímulos que possibilitará uma organização sensória capaz de perceber as sutilezas do mundo, justamente aquelas que enriquecem a vida interior dessas crianças e sim, a possibilidade de criar vínculos com os objetos que devem ter seu devido valor e lugar no ambiente o qual convive.
Também se torna primordial que o professor cuide de sua expressão e posturas corporais ao se relacionar com as crianças, pois sendo o modelo para elas, fornece-lhes todo o repertório de gestos e atitudes nas diversas atividades que desenvolve.
Conteúdos:
A organização dos conteúdos para o trabalho com movimento deverá respeitar as diferentes capacidades das crianças em cada faixa etária, bem como priorizar o desenvolvimento de suas habilidades expressivas e instrumentais, de forma que possam agir cada vez mais com intencionalidade.
A – Expressividade
A dimensão expressiva do movimento contempla a expressão e comunicação de idéias, sensações e sentimentos pessoais de cada criança. Por essa razão, essa característica pessoal e individual do movimento deve ser considerada e acolhida em todas as situações cotidianas, possibilitando que as crianças utilizem gestos, posturas e ritmos próprios para se comunicar.
A-1 – Crianças de dois e três anos.
Brincadeiras que envolvem o canto e o movimento, simultaneamente, bem como cantigas e brincadeiras de cunho afetivo nas quais o contato corporal é o seu principal conteúdo, possibilitam a percepção rítmica, a identificação das partes do corpo e o contato físico e amoroso com o adulto.
Alguns materiais, em contato com o corpo da criança, podem proporcionar vivências significativas no que diz respeito à sensibilidade corporal e desenvolvimento dos órgãos do sentido. As características físicas de fluidez, textura, temperatura e plasticidade da terra, da areia e da água propiciam atividades sensíveis interessantes, assim como o uso de tecidos de diferentes texturas e pesos, em brincadeiras prazerosas como fazer cabanas, túneis, labirintos etc.
As mímicas faciais e gestos possuem um papel importante na expressão dos sentimentos, assim sendo, brincar de fazer caretas ou de imitar bichos propicia a descoberta das possibilidades expressivas de si próprio e dos outros.
Participar de brincadeiras de roda ou de danças circulares, favorece o desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo, como também, as brincadeiras tradicionais, na qual cada verso corresponde a um gesto, proporcionam a oportunidade de descobrir e explorar movimentos ajustados ao ritmo, promovendo também a possibilidade de expressar emoções.
A-2 – Crianças de quatro a seis anos
A afirmação da imagem corporal desenvolvida em brincadeiras nas quais as crianças se fantasiam e assumem papéis utilizando-se de tecidos enrolados no corpo, adereços e acessórios diversos, constituem uma atividade muito própria dessa idade.
Assim como, representar experiências observadas e vividas por meio do movimento pode se transformar numa atividade bastante divertida e significativa para as crianças, como por exemplo: imitar um passarinho piando no ninho, uma lagarta se arrastando, uma borboleta voando, um beija-flor voando numa flor, etc, são exercícios de imaginação e criatividade que confirmam a importância do movimento na expressão de idéias e emoções.
As brincadeiras de roda e cirandas conhecidas ou não pelas crianças, além de trazerem o caráter lúdico de socialização, trazem a possibilidade de realização de movimentos de diferentes qualidades expressivas e rítmicas. A roda otimiza a percepção de um ritmo comum e a noção de conjunto.
B – Equilíbrio e coordenação
As ações que compõem as brincadeiras envolvem aspectos ligados à coordenação do movimento e ao equilíbrio, por exemplo, para saltar um obstáculo, as crianças precisam coordenar habilidades motoras como velocidade, flexibilidade e força, calculando a maneira mais adequada de conseguir seu objetivo. Por essa razão, deve-se assegurar e valorizar no cotidiano das atividades desenvolvidas na Educação Infantil, brincadeiras que contemplem a progressiva coordenação dos movimentos e o equilíbrio das crianças.
B-1 – Crianças de dois e três anos
A ampliação progressiva da destreza para deslocar-se no espaço por meio da possibilidade constante de arrastar-se, engatinhar, rolar, andar, correr, saltar etc, que podem ser organizadas através de atividades que exijam o aperfeiçoamento dessas capacidades motoras ou que lhes tragam novos desafios são atividades adequadas a essa faixa etária. Assim como, algumas brincadeiras podem contribuir para a qualidade das experiências motoras e posturais das crianças, como por exemplo as atividades de contenção e manutenção do tônus muscular.
B-2 – Crianças de quatro a seis anos
A participação em brincadeiras e jogos que envolvam correr, subir, descer, escorregar, pendurar-se etc, para ampliar gradualmente o conhecimento e controle sobre o corpo e movimento, utilizando-se de habilidades como força, velocidade, resistência e flexibilidade. Essas brincadeiras e jogos envolvem a descoberta e a exploração de capacidades físicas e a expressão de emoções, afetos e sentimentos. Além da alegria e prazer, algumas vezes a exposição de seu corpo e de seus movimentos podem gerar vergonha, medo ou raiva, que devem ser considerados pelo professor para que ele possa ajudar as crianças a lidar de forma positiva com limites e possibilidades do próprio corpo.
C – Organização do tempo
Devemos considerar que as atividades que envolvem jogos, brincadeiras, dramatizações, danças tradicionais etc, fazem parte da nossa cultura histórica e dessa forma contemplam a noção e organização do tempo para a criança. Resgata-se essa característica histórica no momento da confecção e elaboração dos materiais que serão utilizados para esse fim.
Atividades Curriculares referentes aos Conteúdos Propostos
Cirandas e Dramatizações
Nessas atividades as crianças são reunidas numa roda e através de movimentos, versos, canções e dramatizações desenvolve-se o conteúdo de uma época. Esse conteúdo acompanha o ritmo do ano com suas festas e estações e é trabalhado todos os dias, da mesma forma e no mesmo horário durante 3 a 4 semanas.
O ritmo da contração e expansão rege esse momento central obedecendo à necessidade da própria época, do grupo em si e de crianças com dificuldades específicas, sempre contando com a imitação na ajuda da aquisição da coordenação motora, da noção espacial, do equilíbrio e também harmonizando tendências que as crianças trazem, tais como dispersão, agitação, falta de fantasia, movimento sincronizado etc.
A música tem o papel de acompanhar as imagens criadas. Por exemplo: o gigante caminha com passos pesados e longos, portanto, usa-se ritmo lento e bem pausado; já o ratinho caminha rapidamente e com passos bem curtinhos. Nesta fase ainda não há mistura de diferentes ritmos. A criança estará trabalhando de forma lúdica e artística sua lateralidade, orientação espacial, destreza, coordenação motora, equilíbrio, expressividade, noção de ritmo etc.
Brincar e Brincadeiras
Segundo a Pedagogia Waldorf, o brincar livre, não dirigido ou proposto é visto como o maior e o melhor estimulador para um desenvolvimento que esteja de acordo com a maturidade etária e as capacidades motoras e imaginativas individuais de cada criança.
A criança procura a atividade lúdica que melhor corresponde às suas necessidades evolutivas, momentâneas, seguindo inconscientemente, instintivamente os estímulos provenientes de uma sabedoria corpórea. Faz parte da natureza da criança, querer sempre superar-se a si mesma, tornando-se cada vez mais capaz no domínio de sua própria corporalidade e na interação com o mundo.
Segundo essa pedagogia, nenhuma criança brinca para passar o tempo e sim, motivada por processos internos que vem de encontro com uma linguagem pessoal e individual que deve ser proporcionada e respeitada.
Observação, Registro e Avaliação Formativa
A avaliação do movimento deve ser contínua, levando em consideração os processos vivenciados pelas crianças, resultado de um trabalho intencional ou não do professor. Deverá constituir-se em um instrumento de reorganização de intervenções e posturas diante das crianças, bem como um melhor acompanhamento e conhecimento de cada criança individualmente e do grupo em questão.
Dessa forma, a observação cuidadosa sobre cada criança e sobre o grupo fornece elementos que podem auxiliar na construção de uma prática que considere o corpo e o movimento das crianças.
2.2 Música
Objetivos
A expressão musical das crianças é caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e afetivo e pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros. As crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos: cantam enquanto brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam situações sonoras diversas, conferindo “personalidade” e significados simbólicos.
A música, por ser uma atividade artística extremamente e que toca o ser humano de forma profunda, tem na educação, e na pré-escola, uma função essencial.
Música é o envolvimento ordenado do tempo e de tons no espaço ao qual a criança pequena se liga de forma integral, pois vivencia esse movimento como expressão de processos internos, dando-lhe possibilidade de levar este impulso ao encontro de leis e formas claras de pensar, sentir e agir, sem, contudo, tirá-la do ambiente lúdico e de fantasias que lhe é próprio.
O trabalho de música desenvolve nas crianças de 2 e 3 anos as capacidades de: ouvir, perceber, discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais; brincar com músicas, imitar, inventar e reproduzir criações musicais.
Conteúdo:
A organização dos conteúdos para o trabalho da área de música deverá, acima de tudo, respeitar o nível de percepção e desenvolvimento (musical e global) das crianças em cada fase, bem como as diferenças socioculturais entre elas.
Crianças de 2 a 3 anos:
• Exploração, expressão e produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, o entorno e materiais sonoros diversos.
• Interpretação de músicas e canções diversas.
• Participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.
Crianças de 4 a 6 anos:
• Reconhecimento e utilização expressiva, em contextos musicais das diferentes características geradas pelo silêncio e pelos sons.
• Participação em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ou a improvisação musical.
• Repertório de canções para desenvolver a memória musical.
Música na Pré-Escola
É preciso discernir que características a música levada à criança deve ter, pois música deve ir ao encontro do estágio de desenvolvimento em que ela se encontra, cabendo aos educadores colocá-la neste contexto.
Olhando para os elementos musicais, encontramos na música pentatônica uma série de qualidades que podemos ver como correspondentes ao estado físico e anímico da criança pequena. São elas:
1. A falta de um centro tonal definitivo.
2. Ausência de meios tons e, portanto, ausência de elemento da nota “sensível” que encontramos nos modos diatônicos e que musicalmente significa contração, polarização tonal.
3. Estrutura a escala formada a partir das quintas puras (afinação não temperada). O intervalo da quinta, como bem demonstrou Dr. Armim Hussemann, está diretamente ligado ao nosso processo respiratório, tanto morfológico como fisiologicamente, no pulmão e na pele. Ao se criar um “ambiente de quintas” através da música pentatônica, ajudamos a criança a harmonizar sua respiração.
4. Historicamente, a música pentatônica de quintas puras nasceu com civilizações da antiga China ao antigo Egito (3000 A.C.). Ao se oferecer esta sonoridade, é dada às crianças a oportunidade de refazer como indivíduos o caminho histórico da humanidade.
5. Quando falamos de música pentatônica, queremos designar também, uma leveza e fluência do elemento rítmico da música. O pulso marcado e vigoroso corresponde a um estágio posterior no desenvolvimento da humanidade e do ser individual.
Para todas as características acima mencionadas, vale ressaltar que a música pentatônica é, para o canto do adulto e da criança, extremamente confortável e salutar. A voz humana pode através dela expressar-se com fluência e leveza.
As escalas pentatônicas retiradas do círculo das quintas possuem uma simetria de intervalos em torno de um tom central que segue o seguinte esquema: uma segunda para cima, uma segunda para baixo, uma quarta para cima, uma quarta para baixo, uma quinta para cima, uma quinta para baixo, o que dá a estas escalas um caráter extremamente harmonioso. Rudolf Steiner indicou a seguinte escala pentatônica: - RÉ, MI, SOL, LÁ, SI - , por possuir um tom central o LÁ – o “tom solar” e todas as outras girarem ao redor dele e também possuir como tom inicial o RÉ e não o DÓ que já é considerado um tom muito grave, que adentra muito a matéria e não é recomendado para criança do primeiro setênio.
Sabemos que, através da música, podemos criar diferentes estágios de consciência. A reunião dos itens acima citados propicia uma música capaz de produzir um estágio de consciência sonhador, a que chamamos de “ambiente das quintas”. Assim como o pão é alimento do corpo físico, este “ambiente das quintas” é o alimento anímico da criança.
Atividades Curriculares Referentes aos Conteúdos Propostos:
A música pentatônica possui uma série de qualidades correspondentes ao estado físico e anímico da criança pequena, sendo extremamente confortável e salutar, podendo expressar-se com fluência e leveza, criando diferentes estágios de consciência.
No Jardim de Infância a professora utiliza-se da música para chamar as crianças em diferentes atividades: arrumação, higiene pessoal, indicando o término da aula...
A música cantada pela jardineira é também utilizada em momentos de agitação e conflitos entre as crianças, sendo um instrumento de harmonização do grupo.
O kântele é o principal instrumento utilizado no jardim além de outros como: xilofone, sinos, chocalhos, etc.
Observação, Registro e Avaliação:
A avaliação na área de música deve ser contínua, levando em consideração os processos vivenciados pelas crianças, resultado de um trabalho intencional do professor. Deverá constituir-se em instrumento para reorganização de objetivos, conteúdos, procedimentos, atividades, e como forma de acompanhar e conhecer cada criança e grupo.
Deve basear-se na observação cuidadosa do professor. O registro de suas observações sobre cada criança e sobre o grupo será um valioso instrumento de avaliação. O professor poderá documentar os aspectos referentes ao desenvolvimento vocal (se cantam e como); ao desenvolvimento rítmico e motor; à capacidade de imitação, de criação e de memorização musical. É recomendável que o professor atualize, sistematicamente, suas observações, documentando mudanças e conquistas. Deve-se levar em conta que, por um lado, há uma diversidade de respostas possíveis a serem apresentadas pelas crianças, e, por outro, essas respostas estão freqüentemente sujeitas a alterações, tendo em vista não só a forma como as crianças pensam e sentem, mas a natureza do conhecimento musical.
São consideradas como experiências prioritárias para a aprendizagem musical realizada pelas crianças de zero a três anos: a atenção para ouvir, responder ou imitar, a capacidade de expressar-se musicalmente por meio da voz, do corpo e com os diversos materiais sonoros.
Uma vez que tenham tido muitas oportunidades, na instituição de educação infantil, de vivenciar experiências envolvendo a música, pode-se expressar que as crianças em ter quatro e seis anos a reconheçam e utilizem-na como linguagem expressiva, conscientes de seu valor como meio de comunicação e expressão. Por meio da voz, do corpo, de instrumentos musicais e objetos sonoros deverão interpretar, improvisar e compor interessadas, também, pela escuta de diferentes gêneros e estilos musicais e pela confecção de materiais sonoros.
A conquista de habilidades musicais no uso da voz e dos instrumentos deve ser observada, acompanhada e estimulada, tendo-se claro que não devem constituir-se em fins em si mesmas e que pouco valem se não estiverem integradas a um contexto em que o valor da música como forma de comunicação e representação do mundo se faça presente.
2.3 – Artes Visuais
Objetivos:
Na Educação Infantil a Arte Visual requer profunda atenção pois os pensamentos, a sensibilidade, a imaginação, a percepção, a intuição e a cognição da criança devem ser trabalhadas de forma integrada, visando a favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas das crianças.
Embora todas as modalidades devam ser contempladas a fim de diversificar a ação das crianças na experimentação de materiais, do espaço e do próprio corpo, destaca-se o desenvolvimento do desenho por sua importância no fazer artístico delas e na construção das demais linguagens visuais (pintura, modelagem, ...)
As atividades em Artes Plásticas que envolvem diferentes tipos de materiais indicam às crianças possibilidades de transformação, de reutilização e de construção de novos elementos.
A aprendizagem em Arte garante oportunidades da criança de 2 a 3 anos ampliar seu conhecimento de mundo, manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades, possibilidade de manuseio e entrar em contato com formas diversas de exploração artísticas.
Na faixa etária de 4 a 6 anos estes objetivos estabelecidos anteriormente deverão se aprofundar e ampliar o conhecimento de mundo e da cultura, produzindo trabalhos utilizando-se da linguagem do desenho, da pintura, da modelagem, ..., desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de produção e criação.
Conteúdos:
Os conteúdos estão organizados em três itens – desenho, pintura, modelagem, visando oferecer visibilidade às especificidades da aprendizagem em artes, embora vivenciem de forma integrada.
Crianças de 2 e 3 anos
• Exploração e manipulação de materiais, como giz de cera e papel de diferentes texturas, de meios como tintas, água, cera de abelha etc.
• Exploração e reconhecimento de diferentes movimentos gestuais desenvolvendo todos os segmentos de coordenação.
• Cuidado com materiais e com os trabalhos e objetos produzidos individualmente e em grupo.
Crianças de 4 a 6 anos
• Criação de desenhos, pinturas, modelagens a partir do próprio repertório.
• Exploração e aprofundamento das possibilidades oferecidas pelos diversos materiais (giz, papel, pincéis, tintas, argila, etc).
• Valorização das suas próprias produções e das outras crianças.
• Respeito e cuidado com os objetos produzidos individualmente e em grupo.
• Organização e cuidado com os materiais.
Atividades Curriculares Referentes aos Conteúdos Propostos:
Desenho Infantil
O desenho da criança pequena brota de dentro dela de forma espontânea. Os desenhos são manifestações de forças formativas que estão modelando seu corpo. Essas forças são tão abundantes que transbordam constantemente na atividade de desenhar. As formas que a criança mostra no seu desenho espelham a maneira como as forças plasmadoras estão agindo no seu interior.
Através dos desenhos, o educador pode observar o desenvolvimento da consciência da criança e do estado de seu amadurecimento corpóreo.
A criança do primeiro setênio (0 – 07 anos) não deve aprender a desenhar de forma dirigida. Devemos incentivar o desenho livre como uma atividade diária, sendo que o lápis ideal para seu usado é o lápis de cera ou outros que tenham a superfície corante bem larga.
O adulto pode desenhar junto com a criança, não com o objetivo das crianças copiarem seu desenho, mas para que elas imitem sua atitude de trabalho e dedicação. O que importa nessa idade é o processo, não o resultado final.
Rudolf Steiner mostrou-nos o caminho da educação e o fundamento para um julgamento científico com o qual podemos nos aproximar dos desenhos das crianças com um entendimento do ser humano total.
O desenho da criança tem uma conecção com o desenvolvimento do seu corpo e ela nos mostra isso de forma inconsciente.
Nos primeiros sete anos, através de seus desenhos, cada criança faz sua autobiografia.
Assim como na fala, no balbuciar, são encontrados os mesmos fonemas, no desenho são encontrados os mesmos estágios do desenvolvimento em todas as crianças do mundo, independente da raça ou nível cultural do país.
A grosso modo, podemos diferenciar três fases no desenvolvimento do desenho:
1ª Fase – De um ano e meio a três anos
As forças plasmadoras que modelam o corpo da criança se manifestam no desenho, a partir da cabeça. As forças vitais estão em plena posse do sistema neuro-sensorial.
O desenho é só movimento, ela própria é movimento. A cor é um elemento secundário. O que conta nessa etapa é “a grande ciranda cósmica”, que vai se definindo em linhas redondas, o movimento é muito grande. Lentamente, o emaranhado vai se ordenando e vão surgindo linhas retas que aparecem em forma de pêndulo.
Surge então o espiral desenhado de fora para dentro, em seguida, o movimento redondo, o círculo fechado. A criança procura o seu centro, entra para dentro do seu corpo, vivencia o fora e o dentro. Quando fecha o círculo está tomando consciência de si mesma.
Do pêndulo surge a vertical e a horizontal, formando uma cruz. Assim, a criança se sente com três anos. Os seus pés a carregam com firmeza, seus braços e mãos estão livres para atuar.
Resumindo, podemos dizer que no desenho dessa primeira fase predomina o redondo, o círculo. É a fase do amadurecimento das funções neuro-sensoriais, que têm como centro o cérebro.
2ª Fase – De três anos a cinco anos
Depois de três anos, a criança se relaciona de maneira diferente com o mundo. Ela descobre seus órgãos de sentido como janelas para fora. Através deles o mundo entra para dentro de sua “casinha”.
Surgem os tentáculos, os raios, que são desenhados de dentro para fora. A criança se comunica com o mundo através de seus sentidos, a partir de seu interior. Nesse momento, a criança se relaciona com outras, brinca junto com as outras crianças. Surgem figuras com antenas ou pernas compridas que saem da cabeça. Olhos e boca aparecem mais que o resto do corpo.
Com quatro anos aparecem formas novas no desenho. A criança divide a folha em vários espaços, criando um ritmo. Fisicamente é modelada e estruturada a região do meio: a vertical é cortada pela escadinha. Começam a aparecer o quadrado e o retângulo. O corpo da criança se alonga.
As escadinhas nos desenhos nos mostram a formação da coluna e do tórax como um todo. O endurecimento do esqueleto, às vezes, parece uma prisão. Aparecem os primeiros sentimentos de solidão e medo.
A criança descobre as cores, mostrando uma nova dimensão da vida interior. Ela escolhe cada cor que quer usar e combina as cores de forma expressiva. Há desenhos que são somente ritmo e cor.
No brincar a criança desenvolve muita fantasia. Cada brinquedo pode se transformar em tudo.
A criança começa a ilustrar cenas do mundo que a circunda, o desenho possui elementos exteriores. Identificamos um carro, balanço, casinha. Ainda não há chão. A casa está desabitada.
Por volta do 4º ano, começa a desenhar mãos, mas não tem idéia de quantos dedos cada mão tem.
A casa no início é redonda, casa cósmica.
Os primeiros elementos ilustrativos surgem por volta dos cinco anos. A criança começa a desenhar o mundo que a circunda, casinha, árvores. Não há ordem: cima/baixo, direita/esquerda, as figuras “viram” pelo espaço.
Procura retratar o mundo externo e não somente aquilo que ela é interiormente.
3ª Fase – De cinco a sete anos de idade
Há um desenvolvimento no âmbito do metabólico e dos membros, o corpo ganha musculatura, órgãos da digestão amadurecem, pernas e mãos ficam mais habilidosas. Aprende a pular corda, sobe nos galhos mais altos das árvores. Tem habilidades manuais.
Surge a forma do triângulo, como o telhado da casa, a saia da menina, montanhas. É o sinal da troca dos dentes.
Os objetos são colocados no chão. A criança desenha céu, chão, cima e baixo.
A criança mostra cenas detalhadas do cotidiano. Usa memória para desenhar. Cada vez mais a criança procura retratar o mundo que a circunda.
A riqueza descritiva do desenho aumenta, e com isto temos o sinal exterior de que as forças plasmadoras se retiram parcialmente do organismo para agora plasmar pensamento fundamentados no sentir. A criança está madura para o início de sua vida escolar.
Aquarela:
No dia a dia, a criança tem a possibilidade de vivenciar uma infinita variedade de cores. No azul sempre mutante do céu, no verde das plantas, na cor viva de uma flor, nas estações do ano que transformam nosso redor, enfim em todo ambiente que nos circunda. Para ampliar essa vivência de cores, é desenvolvida no Jardim uma atividade semanal, a aquarela.
Neste momento é usada uma tinta produzida a partir de pigmentos orgânicos que além de não ser tóxica, proporciona a vivência intrínseca da cor em sua forma mais pura. O pigmento é diluído em água, mantendo assim, a pintura isenta de definições e contornos. São utilizadas as cores primárias (azul, vermelho e amarelo) e pelo encontro destas, decorrerá uma maravilhosa descoberta individual da transformação das cores. O papel é branco e molhado, o que possibilita mais transparência, fluidez da pintura e vicência do elemento líquido.
Não temos como proposta a produção de uma obra de arte, uma vez que isto requer um grau de consciência maior do que a criança possui. A atividade tem como objetivo central o cultivo de hábitos no manuseio do material, assim como de respeito e devoção à atividade que será aprofundada no ensino fundamental e médio.
Modelagem:
Sendo a criança de 1º setênio toda movimento e vontade, no Jardim de Infância o educador traz a modelagem como instrumento de trabalho. Este processo pode ser realizado em tanque de areia, no barro, na argila, no amassar o pão, nas massinhas de cera de abelha.
Quando a criança faz a modelagem, ela expressa sua fantasia e criatividade, além de desenvolver, de forma lúdica, todos os segmentos de sua coordenação motora, grossa e fina, o tato, as variações de tônus muscular, sensações térmicas etc.
A massinha de cera de abelha (com coloração produzida por pigmentos naturais), sendo um material de consistência dura, necessita ser aquecida pelas mãos, para seu manuseio. Desta forma trabalha-se a persistência, a vontade, o querer. Não são usadas as massas de modelar comercializadas normalmente por conterem prudutos químicos inorgânicos.
Ao se oferecer o barro ou a argila às crianças, é indispensável que se acrescente essência de chá de camomila ou óleos essenciais para que não haja uma desvitalização da criança, pois estes materiais têm uma qualidade de absorção.
O brincar modelando no tanque de areia, além de todos os benefícios acima citados, auxilia na socialização.
Resumindo, temos em Artes Visuais:
Desenho: Observar o desenvolvimento da consciência da criança e o estado de seu amadurecimento corpóreo, não devendo aprender a desenhar de forma dirigida, incentivando o desenho livre como atividade diária usando lápis de cera ou lápis de superfície larga.
Pintura: em aquarela, com tintas e papel de boa qualidade, as crianças devem estar completamente à vontade, vivenciar as cores é o único critério e não a reprodução de um objeto ou a coloração de um desenho pré-impresso.
Modelagem: no processo de modelagem utiliza-se de barro, o tanque de areia, a argila, o amassar o pão, nas massinhas de cera de abelha que exigem um certo esforço dos dedos desenvolvendo de forma lúdica sua coordenação motora grossa e fina entre outras.
Observação, Registro e Avaliação:
A avaliação deve buscar entender o processo de cada criança, a significação que cada trabalho comporta, afastando julgamentos, como feio ou bonito, certo ou errado, que utilizados dessa maneira em nada auxiliam o processo educativo.
A observação do grupo, além de constante, deve fazer parte de uma atitude sistemática do professor dentro do seu espaço de trabalho. O registro dessas observações e das percepções que surgem ao longo do processo, tanto em relação ao grupo quanto ao percurso individual de cada criança, fornece alguns parâmetros valiosos que podem orientar o professor na escolha dos conteúdos a serem trabalhados. Podem também, ajudá-lo a avaliar a adequação desses conteúdos, colaborando para um planejamento mais afinado com as necessidades do grupo de crianças.
Em Artes Visuais a avaliação deve ser sempre processual e ter um caráter de análise e reflexão sobre as produções das crianças. Isso significa que a avaliação para a criança deve explicitar suas conquistas e as etapas do seu processo criativo: para o professor, deve fornecer informações sobre a adequação de sua prática para que possa repensá-la e estruturá-los sempre com mais segurança.
São consideradas como experiências prioritárias em Artes Visuais realizada para as crianças de zero a três anos: a exploração de diferentes materiais e a possibilidade de expressar-se por meio deles. Para isso é necessário que essas crianças tenham tido oportunidade de desenhar, pintar, modelar, brincar com materiais de construção em diversas situações, utilizando os mais diferentes materiais.
A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil, de vivenciar experiências envolvendo as Artes Visuais. Pode-se esperar quer as crianças utilizem o desenho, a pintura, a modelagem e outras formas de expressão plástica para representar, expressar-se e comunicar-se. Para tanto é necessário que as crianças tenham vivenciado diversas atividades, envolvendo o desenho, a pintura, a modelagem etc., explorando as mais diversas técnicas e materiais.
2. 4 Linguagem Oral e Escrita
Objetivos:
O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento.
A prática pedagógica do Jardim de Infância deverá promover as seguintes oportunidades às crianças:
• Participar de variadas situações de comunicação oral, para interagir e expressar desejos e sentimentos por meio da linguagem oral, contando suas vivências.
• Interessar-se por ouvir histórias.
• Familiarizar-se com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com os livros, jornais, cartas, registros da professora etc.
Conteúdos:
O domínio da linguagem surge do seu uso em múltiplas circunstâncias, nas quais as crianças podem perceber a função social que ela exerce e assim desenvolver diferentes capacidades.
É no contato com os adultos que a criança vai adquirindo e desenvolvendo a linguagem. Portanto, a professora é responsável por apresentar de forma clara e bem articulada, tudo o que é feito durante a aula e assim, a criança do 1º setênio que tem como base a imitação, irá reproduzindo o que vivencia na linguagem oral, bem como despertando o interesse pela escrita através do modelo do educador, que lê e escreve de acordo com as necessidades que surgem durante o dia.
Crianças de dois e três anos
• Uso da linguagem oral para conversação, comunicar-se, relatar suas vivências e expressar desejos, vontades, necessidades e sentimentos, nas diversas situações de interação presentes no cotidiano.
• Participação em situações de relato e/ou leitura de diferentes gêneros feitos pelos adultos, como contos, poemas, canções, etc.
• Participação em situações cotidianas nas quais o adulto faz uso da leitura e da escrita.
Crianças de quatro a seis anos
• Uso da linguagem oral para conversação, comunicar-se, relatar suas vivências e expressar desejos, vontades, necessidades e sentimentos, nas diversas situações de interação presentes no cotidiano.
• Participação em situações de relato e/ou leitura de diferentes gêneros feitos pelos adultos, como contos, poemas, canções, etc.
• Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os diversos contextos de que participa.
• Participação em situações que envolvam a necessidade de explicar e argumentar suas idéias e pontos de vista.
• Relato de experiências vividas e narração de fatos em seqüência temporal e causal.
• Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, músicas, poemas, etc.
• Participação nas situações em que os adultos fazem uso da leitura e da escrita, como contos, cartas, jornal, receitas do lanche, etc.
• Observação de materiais impressos existentes na escola, como livros na biblioteca, quadro de avisos, anotações da professora etc.
Atividades Curriculares referentes aos Conteúdos Propostos
Contos de fadas e histórias
A base para a real comunicação é estabelecida a partir da linguagem oral (fala), o fortalecimento da memória e da capacidade de concentração, quando são narrados para as crianças episódios de nossa infância ou cenas do cotidiano e de brincadeiras que se repetem.
A voz do educador não transmite a penas o conteúdo do conto, ela também se revela a si própria. Na sua modulação, seu volume, sua música, a voz humana comunica ternura, desata os nós da inquietação e desaparece com os fantasmas do medo.
As crianças também assimilam, neste contato com a língua materna, as palavras, as formas estruturais. O conto representa para a criança um abundante conhecimento de informação do idioma.
Somente ao repetir muitas vezes o mesmo conto é que se proporciona a relação com cada detalhe, com a seqüência de imagens, com a beleza da linguagem, enfim, é como se retornasse sempre a uma mesma paisagem e que, a cada vez, fosse vivenciada mais intensa e minuciosamente.
Entre todos os contos, os contos de fadas merecem atenção especial, pois são para a criança a linguagem rica, profunda e matizada, através da qual ela acolhe verdades acerca da vida anímica humana.
Contos de fada nos falam do desenvolvimento de uma alma individual, os personagens apresentam aspectos humanos fundamentais de cada um de nós.
As lutas, batalhas, vitórias, sofrimentos, alegrias e tristezas humanas têm como cenário o íntimo do ser humano. Ao recebê-lo a criança se fortalece para trilhar o seu próprio caminho na vida.
O que é recebido na infância forma um verdadeiro tesouro a partir do qual a criança, no decorrer de sua vida, poderá haurir força, coragem, determinação, enfim, qualidades anímicas que nortearão sua conduta.
Ao narrar estes contos, o educador promove uma relação verdadeira e íntima. Para que este contato seja atento e real, ele deveria evitar a leitura direta; o livro não deve se tornar um obstáculo para os olhos atentos das crianças e a atenção dirigida a elas pelo educador.
Apesar de no 1º setênio a base da comunicação ser a linguagem oral, procurando não se antecipar o aprendizado da leitura/escrita, a criança poderá, pouco a pouco, e de acordo com seu desenvolvimento, tomar contato com o mundo da linguagem escrita.
Materiais espalhados pela escola (livros, avisos, bilhetes, anotações da professora, etc.), assim como o interesse da criança em conhecer a linguagem escrita, poderão criar um ambiente de aprendizagem natural.
Cirandas e Dramatizações
Nas cirandas são ouvidas e reproduzidas canções, poemas, versos que repetidos todos os dias durante uma época, desenvolvem na criança a linguagem oral em seus diversos aspectos, tais como entonação, ritmo, articulação das palavras, etc.
O mesmo se dá nas dramatizações, pois as crianças necessitam desenvolver a capacidade de expressar-se, bem como de ouvir, para participar de pequenas encenações que acontecem naturalmente em suas brincadeiras e que também podem ser propostas pela professora.
Desenho Infantil
Para a criança do 1º setênio o desenho é uma importante forma de expressão. Os desenhos são manifestações de forças formativas que estão agindo no seu interior.
Através dos desenhos, o educador pode observar o desenvolvimento de seu amadurecimento corpóreo.
Nos primeiros sete anos, através de seus desenhos cada criança faz sua autobiografia.
Para a criança de 1º setênio, que ainda não dispõe da linguagem escrita, o desenho traz a possibilidade de comunicar-se de outra forma, além da linguagem oral.
O manuseio do giz de cera, o contato com a folha de papel e seus limites de espaço, vão preparando a coordenação motora fina necessária à futura aprendizagem da escrita.
Observação, Registro e Avaliação Formativa
A avaliação deverá se dar de forma sistemática e contínua ao longo de todo o processo de aprendizagem.
Será feito um levantamento inicial para obter informações necessárias sobre a criança, através de uma ficha de apresentação preenchida pela família.
A observação será o principal instrumento para que a professora possa avaliar o processo de construção da linguagem pelas crianças.
Os registros das observações feitas pela professora, assim como a coleta de atividades realizadas pelas crianças (desenho, aquarela, etc) serão indicadores que permitirão ter uma visão da evolução de cada criança.
Esse material deverá ser utilizado como um instrumento com o qual a professora poderá reorganizar suas intervenções, quando necessário, não só no seu trabalho com as crianças, mas também com orientações no âmbito familiar.
2.5 – Natureza e Sociedade
Objetivos:
O mundo onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante do qual elas se mostram curiosas e participativas. Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social no qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas indagações e questões. Como integrantes de grupos sociais singulares, vivenciam experiências e interagem com diversos temas a que têm acesso na sua vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca.
Considerando a grande diversidade de temas que este trabalho oferece, é necessário estruturá-lo de forma a escolher os assuntos mais relevantes para as crianças e o seu grupo social, mostrando o meio natural e social dentro de um contexto de veneração, respeito, amor e sobretudo, confiança no mundo que está sendo descoberto e percebido.
Conteúdos:
Os conteúdos aqui indicados deverão ser organizados e definidos em função das diferentes realidades e necessidades, de forma que possam ser de fato significativos para as crianças.
A – Crianças de 2 e 3 anos
O trabalho com essa faixa etária acontece inserido e integrado no cotidiano das crianças, onde destacam-se a participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos; a exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de causa e efeito e conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas.
B – Crianças de 4 a 6 anos
Esses conteúdos deverão ser trabalhados de maneira integrada, evitando-se fragmentar a vivência das crianças. Acrescenta-se à continuidade do conteúdo proposto para as crianças menores o conhecimento de ser, viver, trabalhar de alguns grupos sociais do presente e do passado através de brincadeiras, músicas, atividades corporais e jogos, como também a valorização do patrimônio natural e construído através de atitudes de respeito a agradecimento que, antes de tudo devem ser vivenciados pelo professor para que sirva de modelo e não somente falado e discutido sem nenhum envolvimento pessoal do educador.
Atividades Curriculares referentes aos Conteúdos Propostos
Uma das características da atualidade é o alto grau de autonomia alcançado pelo ser humano frente aos ritmos naturais que outrora regiam e condicionavam sua vida e atividade e, por conseqüência, a organização de seu tempo. Essa autonomia permitiu-lhe desenvolver uma intensa atividade, que enriqueceu notavelmente sua vida, mas, por outro lado, acarretou-lhe uma torrente de problemas.
Por isso, se faz necessário religar as crianças à percepção e observação dos processos rítmicos da natureza, intensificando, por exemplo, a vivência das estações do ano nas mais diversas situações. A passagem pelas estações do ano e suas festas é marcada por experiências bem concretas e pelo intenso processo de preparação para cada evento. Cultiva-se dessa forma, o respeito pela natureza e a postura de reverência e gratidão.
Essas atividades assim regidas pelos ritmos da natureza, transmitirão segurança à criança, trazendo-lhe saúde e possibilitando o correto desenvolvimento dos órgãos do sentido.
Também, é de relevante importância dentro desse trabalho que a criança vivencie o ciclo anual de uma forma direta, pois o perfaz com todo o seu ser, como se fizesse parte da natureza. Nesse contexto, as festas anuais podem ser compreendidas mais conscientemente, cada uma de acordo com as suas características. Outro grande momento de comemoração da Escola Waldorf é a festa de aniversário. Ela é feita para cada criança no dia de seu aniversário. Neste dia, todo o ritmo da escola é voltado para esse evento. A roda, o lanche e a história do final da manhã são especialmente dedicados ao aniversariante.
Observação, Registro e Avaliação Formativa
A avaliação não se dá somente no momento final do trabalho e sim é tarefa permanente do educador, instrumento indispensável à constituição de uma prática pedagógica e educacional verdadeiramente comprometida com o desenvolvimento sadio das crianças. O registro se compreende como fonte de informação sobre as crianças, em seu processo de vivência do conteúdo que lhe é proposto. Esse registro é do acervo do professor, que lhe permite recuperar a história do que foi vivido, para que possa reavaliar e estruturar novos encaminhamentos para alguns temas e atividades.
2.6 – Matemática
Objetivos:
As crianças estão imersas em um universo do qual os conhecimentos matemáticos são parte integrante; elas participam de uma série de situações envolvendo números, relações entre quantidades, noções sobre espaço. Toda essa vivência, dentro e fora da escola, favorece a elaboração de conhecimentos matemáticos.
As noções matemáticas (contagem, relações quantitativas e espaciais etc) são construídas pelas crianças a partir das experiências proporcionadas pelas interações com o meio, pelo intercâmbio com outras pessoas que possuem interesses, conhecimentos e necessidades que podem ser compartilhados. As crianças têm e podem ter várias experiências com o universo matemático e outros que lhes permitem fazer descobertas, tecer relações, organizar o pensamento, o raciocínio lógico, situar-se e localizar-se espacialmente.
Para que a escola seja um espaço onde estas noções e conhecimentos possam ser desenvolvidos, a abordagem da Matemática tem como finalidade proporcionar oportunidades para que as crianças possam:
• Estabelecer aproximações e algumas noções matemáticas presentes no seu cotidiano, como contagem, relações espaciais, etc.
• Familiarizar-se com os números, as operações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas necessárias no seu cotidiano.
• Comunicar idéias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados encontrados em situações-problema relativas a quantidade, espaço físico e medida, utilizando a linguagem oral.
• Ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade para lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios.
Conteúdos:
A seleção e a organização dos conteúdos matemáticos consideram os conhecimentos prévios e as possibilidades cognitivas das crianças para ampliá-los.
Crianças de 2 a 3 anos de idade
• Utilização da contagem oral, de noções de quantidade, de tempo e de espaço em jogos, brincadeiras e músicas junto com a professora e nos diversos contextos nas quais as crianças reconheçam essa utilização necessária.
• Manipulação e exploração de objetos e brinquedos para que cada criança possa descobrir as características e propriedades principais e suas possibilidades associativas: empilhar, rolar, transvasar, encaixar, etc.
Crianças de 4 a 6 anos de idade
• Utilização da contagem oral nas brincadeiras, músicas e em situações nas quais as crianças reconheçam sua necessidade.
• Utilização de noções simples de cálculo mental como ferramenta para resolver problemas.
• Comunicação de quantidades, utilizando a linguagem oral,a notação numérica e/ou registros não convencionais.
• Identificação da posição de um objeto numa série desenvolvendo a noção de sucessor e antecessor.
• Contato e possível identificação de números nos diferentes contextos em que se encontram.
• Exploração de diferentes procedimentos para comparar grandezas.
• Contato com medidas de comprimento, peso, volume e tempo, pela utilização de unidades convencionais e não convencionais.
• Marcação do tempo por meio da observação de calendários e da vivência das festas escolares.
• Explicação e/ou representação da posição de pessoas e objetos, utilizando vocabulário pertinente nas rodas, nas brincadeiras e nas diversas situações do dia-a-dia.
• Exploração de propriedades geométricas de objetos como formas, tipos de contornos, etc.
• Identificação de pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço.
Atividades Curriculares referentes aos Conteúdos propostos
Brincadeiras e Cantigas
Constituem-se em rico contexto nos quais idéias matemáticas podem ser vivenciadas pelas crianças.
Proporcionam situações de contagem, de posicionamento no espaço e no tempo, dentre os demais conteúdos apresentados.
Música
Além das letras onde estão inseridos números e quantidades, a música proporciona a vivência do elemento rítmico, que por ser dividido em tempos (espaços de tempos) e estruturado em forma de compassos que se repetem, em muito favorece o desenvolvimento do pensar seqüencial e lógico que é base do raciocínio matemático.
Culinária (preparo do lanche)
Possibilita um rico trabalho, envolvendo diferentes unidades de medida, marcação de tempo e noção de temperatura.
Jardinagem e Horta
Nesta atividade também estão sendo vivenciadas noções matemáticas referentes a grandezas e medidas, entre os demais conteúdos.
Vivência do ritmo do dia da Semana, das Épocas e das Festas
Marcação de tempo, noção de dia e noite; ontem, hoje e amanhã; dias da semana, os meses do ano; antes, agora e depois são noções trabalhadas naturalmente no dia-a-dia através das atividades rítmicas.
Brinquedos e Outros Elementos
Blocos de madeira, sementes de variadas formas, tamanhos e quantidades, areia, pedras, folhas, massa de modelar, além dos brinquedos que estão a disposição das crianças possibilitam o conhecimento das propriedades de volumes e formas, assim como desenvolvem diversas outras capacidades matemáticas.
Observação, Registro e Avaliação Formativa
A aprendizagem das noções matemáticas na educação infantil está centrada na relação de diálogo entre adultos e crianças durante as diversas atividades do dia-a-dia, assim como no manuseio de materiais e na vivência corporal no espaço.
A avaliação se dá através da observação da criança, feita pela professora. As noções que a criança já traz, vão somando-se as que serão adquiridas e cabe a professora compreender como está acontecendo o processo de desenvolvimento de cada aluno.
As observações a respeito de cada criança deverão ser registradas a fim de servirem como subsídios para as intervenções da professora. Os registros também serão necessários como fonte de dados em reuniões do corpo docente e/ou de pais.
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